quarta-feira, 25 de maio de 2011

Des.espero

Talvez o mais doloroso fosse esperar a volta dele com ares de displicência, como se não fosse, de fato, importante.
Esperar em silêncio, o coração sempre à espreita, mas os olhos voltados para o lado oposto, a contragosto, num gesto necessário de indiferença.
Tudo, espontaneamente, forjado. Tudo, dolorosamente, forjado.
Tudo o que fosse preciso para tê-lo de volta.

É que ele poderia voltar agora mesmo. Ou na próxima estação, quem sabe.
E ela estaria esperando, com o coração apertado, contando todas as folhas de outono que o vento depositava no chão, todos os dias. Mas sem esperar, sabe? Sem desesperar.

Era outono de um ano qualquer.

2 comentários:

  1. Agora mesmo, desesperado, olhou ao redor e não viu as flores.
    Esqueceu-se do outono lá fora, porque inverno dentro fazia.
    E mesmo seco, silentes águas brotaram. Diferentes.
    Lembrou-se que era sempre lembrado.

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  2. Querida, apesar de comentar somente hoje, fiquei contente com a iniciativa do blog. Seu texto tem um tempero que me atrai muito na criação textual: a combinação da suavidade e da força. Fazia tempo que eu queria vê-los disponíveis num espaço onde pudesse compartilhá-los conosco. Que bom que ele agora existe!
    A propósito, que texto lindo, este. Disse muito ao meu coração.
    Beijos

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