sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Mais um dia chega ao fim. Outro dia comum, que não fez história, mas apenas foi riscado do calendário. Na boca, um gosto amargo. Álcool e uma boa dose de desilusão. Esvazio os meus pensamentos e me restam, agora, uns poucos devaneios desconexos. Me dá uma vontade louca de te telefonar. Sou imediatamente interrompida pela minha razão gritando uma canção tão solitária que me rasga todos os versos e que, num rompante de lucidez, rasga também o verbo: “quem ama, fica”. Minha mente agitada consente. Afinal de contas, ela não ficou. Nessa desordem emocional me esbarro em memórias muito doces. Em vão, tento transformá-las em ódio; transformar, quem sabe, esse amor, que me é raro, em mais uma história ordinária. Sou tomada, então, por uma lucidez gentil que me traz de volta para esse caos no qual só há amor. E dor. E uma saudade que supera a lógica do rompimento. Consinto. E sinto em todos os meus poros e veias esse amor que me rasga a pele em poesia e solidão. Grito em silêncio e as palavras que não digo me ferem a garganta, são prosas mudas. Me calo. Abro os olhos. Mais um dia amanhece. Chega de partidas, de me partir inteira. Chegou a hora de ficar. Dessa vez, por mim.

sábado, 1 de agosto de 2015

Sem ela

Sem ela, não me sou.
Senão alguém sem direção
Senão um desencaixe
Meio refrão
Um contratempo
Uma bússola na contramão.
Sem ela, nada soa são.
Tudo parece não.
Tudo é vago.
Tudo é em vão.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Enjoy the silence

Minhas palavras se antecipam em descrever - em quaisquer das minhas falas desajeitadas - toda a nudez escandalosa com que carrego as minhas verdades, toda a paixão sincera e absurdamente imensa por tudo aquilo que acredito e levo junto do peito. E saem indiscretas, me delatando por aí. Rasgadas, ferinas, feridas, apaixonantes, ingênuas, intensas e insensatas, rompendo, de maneira quase infantil, com o silêncio que a vida me impõe. Para compreendê-las, verdadeiramente, basta ouvir o silêncio por trás delas. As minhas palavras desenfreadas mais dizem sobre quem eu sou do que o que deveras dizem. Seja no exagero das palavras de ódio e fúria, demasiadamente teatrais, devo dizer; seja na dor das palavras que falam sobre a solidão crua e profunda que me adormece os sonhos. Minhas palavras, por fim, pouco dizem, senão sobre a minha verdade escancarada; senão sobre esse exagero que carrego em mim; sobre as minhas paixões, os meus desassossegos e tudo aquilo que acredito. E sobre esse amor que me é único e valioso e que, hoje, me faz silêncio. Ei, você também consegue escutar o que esse silêncio diz?