sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Mais um dia chega ao fim. Outro dia comum, que não fez história, mas apenas foi riscado do calendário. Na boca, um gosto amargo. Álcool e uma boa dose de desilusão. Esvazio os meus pensamentos e me restam, agora, uns poucos devaneios desconexos. Me dá uma vontade louca de te telefonar. Sou imediatamente interrompida pela minha razão gritando uma canção tão solitária que me rasga todos os versos e que, num rompante de lucidez, rasga também o verbo: “quem ama, fica”. Minha mente agitada consente. Afinal de contas, ela não ficou. Nessa desordem emocional me esbarro em memórias muito doces. Em vão, tento transformá-las em ódio; transformar, quem sabe, esse amor, que me é raro, em mais uma história ordinária. Sou tomada, então, por uma lucidez gentil que me traz de volta para esse caos no qual só há amor. E dor. E uma saudade que supera a lógica do rompimento. Consinto. E sinto em todos os meus poros e veias esse amor que me rasga a pele em poesia e solidão. Grito em silêncio e as palavras que não digo me ferem a garganta, são prosas mudas. Me calo. Abro os olhos. Mais um dia amanhece. Chega de partidas, de me partir inteira. Chegou a hora de ficar. Dessa vez, por mim.