quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Paris, 21 de outubro de 2013.



Meu amor,

Você está em tudo que vejo. Na garoa fina e persistente que me despenteia os cabelos e me molha o corpo. Nos suspiros dos amantes que insistem em cruzar o meu caminho durante todo o tempo. Nos cadeados presos nas pontes, indicando que ali foram seladas juras de amor eterno. No desenho que a borra de café forma no fundo da xícara. E nas nuvens que, mais do que nunca, tenho certeza, são feitas de algodão. Nas flores que brotam no concreto, no decorrer do outono, violando, docemente, as regras das estações. Nos planos ternos que teço de olhos abertos e, também, nos sonhos que me povoam os pensamentos quando adormeço. Você me amanhece e me inaugura todos os dias. Me transborda de amores e me esvazia as incertezas.

Os ponteiros dos relógios, por Deus, me parecem imóveis, quando você não está. Mas o tempo não importa, se esse amor é atemporal. Se não me sei passado, presente ou futuro sem o seu corpo junto ao meu.

Apenas uma vida já me parece insuficiente, por demais, para amar você. Chove lá fora. Faz sol dentro de mim.

Te espero.

Sua,

Gabriela.