terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Ah, o verão...

Quando eu ainda estava planejando a minha ida para Paris, uma amiga, demonstrando muita empolgação com os meus planos, me disse algo que não consegui esquecer: que eu não poderia, naquele momento, mensurar o quão especial seria essa minha experiência, pois eu moraria em Paris por um ano inteiro e, portanto, teria a oportunidade de viver todas as estações. O interessante é que ela não estava baseando esse novo ciclo da minha vida apenas na fantasia maravilhosamente clichê de viver 'la vie en rose' em uma das cidades mais charmosas do mundo, mas nas estações. Sim, nas estações. Ela me explicou que nós, brasileiros, não damos valor para isso e sequer notamos a diferença entre cada uma das estações, uma vez que no Brasil elas não possuem características marcantes, próprias. E afirmou que eu me lembraria de cada uma das experiências que vivi na França, de acordo com cada estação. Nunca mais esquecerei essa observação tão doce e gentil, pois, alma sensível que sou, me sinto tocada não somente pelas peculiaridades das estações, mas também pela delicadeza de alguém cuja atenção se volta para algo tão simples e lindo.

Quando pisei os pés em Paris, já na segunda quinzena de Setembro, o verão estava se despedindo e, em poucos dias, o outono se apresentou, trazendo temperaturas mais baixas e trocando a cor da paisagem. Num piscar de olhos, o outono também encerrava o seu ciclo, carregando com ele, dia após dia, as folhas secas e dando espaço ao inverno que, acreditem, é ainda mais rigoroso para o coração do que para o próprio corpo. 

Não fiz questão de estar em Paris para o début do inverno, pois, por mais cativante que me pareça a ideia de curtir todas as estações, nada pode ser melhor do que passar as festas de final de ano ao lado daqueles que amamos. Assim, me mandei para o Brasil, onde cheguei um dia antes do verão começar. Troquei a chuva e a cor cinza-chumbo da cidade das luzes que, por Deus, me parece, quase sempre, uma pintura daquelas bem melancólicas e bonitas por um calor escaldante e céu azul, azulão. Deixei lá o silêncio sepulcral, o (mau) humor irônico dos franceses e o desinteresse pela vida do outro para estar rodeada de gente falante, feliz e até - por que não? – intrometida. Troquei as temperaturas baixas, quase negativas, por calor tanto na pele, quanto no coração. Esperta que sou, aprendo rápido as coisas e já sei que, sem qualquer dúvida, esse é o melhor verão da minha vida. E volto para viver o inverno de Paris com o bronzeado em dia, um sorriso no rosto e um sol estampado no peito.