quarta-feira, 25 de maio de 2011

Des.espero

Talvez o mais doloroso fosse esperar a volta dele com ares de displicência, como se não fosse, de fato, importante.
Esperar em silêncio, o coração sempre à espreita, mas os olhos voltados para o lado oposto, a contragosto, num gesto necessário de indiferença.
Tudo, espontaneamente, forjado. Tudo, dolorosamente, forjado.
Tudo o que fosse preciso para tê-lo de volta.

É que ele poderia voltar agora mesmo. Ou na próxima estação, quem sabe.
E ela estaria esperando, com o coração apertado, contando todas as folhas de outono que o vento depositava no chão, todos os dias. Mas sem esperar, sabe? Sem desesperar.

Era outono de um ano qualquer.